segunda-feira, 18 de julho de 2016

Limites e Moulin Rouge (ou as várias faces de Toulouse!)



Hoje vamos falar de uma coisa (filme) que desde que eu vi pela primeira vez, sempre mexeu muito comigo: Moulin Rouge!

Gente, sério, isso não é um filme, é um estado de espírito! E o mais interessante, a cada vez que eu assisto rola uma identificação diferente com cada personagem, com cada música...
Uma coisa nunca muda, minha admiração por ser um filme basicamente sobre Boêmios (no melhor significado da palavra!).

Calma, se você caiu de paraquedas e não sabe do que eu estou falando, vamos a uma breve introdução!

Moulin Rouge é um filme de 2001. A história se passa em 1899 e gira em torno de um jovem poeta, Christian, que desafia a autoridade do pai ao se mudar para Paris, considerado um lugar amoral e boêmio.  Christian está solitário com sua máquina de escrever quando um argentino inconsciente cai do teto e quando ele vê está no andar de cima substituindo o argentino em uma peça de teatro. O poeta acaba se tornando o escritor da peça e é levado até o Moulin Rouge para apresentar suas poesias para Satine, a mais bela cortesã do local! O que acontece depois disso...pelo amor de Deus, assistam o filme, pois posso dar 1001 interpretações diferentes sobre o que acontece!

Mas vamos lá, entre diamantes cintilantes sendo os melhores amigos de uma garota, garotos estranhos e encantados que ensinam que a coisa mais importante é amar e em troca amado ser e muito can can, temos que lidar com uma belíssima fotografia , que inclusive rendeu ao filme a indicação ao Oscar. Além de melhor fotografia, Moulin Rouge contou com mais 6 indicações ao Oscar em 2002 e levou o prêmio nas categorias Melhor figurino e Melhor direção de arte! O filme é realmente Spectacular Spectacular!



Além de todas as outras referências existentes ao longo do filme, para mim, as mais importantes são as musicais! Diferente de outros musicais (sim, o filme é um musical, mas não se desespere, eu normalmente não gosto de musicais e Moulin Rouge é meu filme (estado de espírito) favorito!) o filme é composto por músicas conhecidas que receberam novas roupagens e arranjos para o filme! Isso mesmo, não são músicas feitas para o filme e sim grandes sucessos, entre eles Your Song do grande Elton John!



Existem no mundo alguns loucos que classificam esse filme como comédia romântica...CUIDADO! Se trata de um drama...nas primeiras cenas do filme já temos a informação de que a mulher que Christian ama está morta!

Sim, eu choro do começo ao fim e muita gente sempre me perguntou:

-  Nossa, mas isso não é horrível? Pra que sofrer desse jeito?

Calma, não é horrível, vamos à linha do tempo para explicar!

As primeiras vezes que eu assisti o filme, no auge da minha ridícula obsessão pelo amor, me identificava muito com Satine. Além de todas as complexidades existentes em Satine, um ponto auto da personagem é que ele é sonhadora! E eu também já fui assim.

Nessa mesma época, algumas vezes que assisti me identifiquei muito com Christian. O poeta quea credita acima de tudo no amor, All you need is Love!



Depois de assistir muitas vezes e chorar de desidratar em todas elas, acabei meio que me convencendo do que as pessoas falavam, esse negócio não faz bem!  Terminava todas vezes com o rosto inchado, olhos basicamente em carne viva e uma sensação estranha no peito!

Depois de quase um trauma, sábado a noite desses em casa, sem nada para fazer e sozinha...me bateu uma saudade de Moulin Rouge! Coloquei o filme para passar, mas já precavida com o controle remoto na mão e disposta a assistir apenas algumas cenas e pular pelo menos 90% do filme. Tempos depois, já com a primeira linha dos créditos subindo, me toquei do inevitável...eu havia assistido o filme inteiro! Trauma retirado, algumas fichas começaram a cair!

Dessa vez eu estava mais para Toulouse Lautrec, interpretado lindamente no filme por John Leguizamo. Toulouse (além daquilo que nós sabemos historicamente, focando em seu significado mínimo no filme) é um retrato lindo de basicamente todas as emoções mundanas! Ele aparece logo no começo do filme, ainda de maneira anônima aos nossos olhos, junto com Nature Boy, uma das canções mais poderosas e com letra que merece nossa atenção:

There was a boy
There was a boy

A very strange enchanted boy
They say he wandered very far, very far
Over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he
And then on day
A magic day he passed my way
And while we spoke of many things
Fools and kings
This he said to me

The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return

É uma belíssima introdução e ensinamento do que estava por vir. Ser amado e em troca amado ser! Em qualquer situação, é realmente a única e melhor coisa que você pode aprender!



Depois dessa passagem, Toulouse volta como, basicamente, o líder dos boêmios e defensor leal dos ideais. Interpretando uma freira e tentado ajudar na criação da peça (aquela que Christian começa a escrever após o incidente com o argentino desacordado) o artista é sorridente, levemente alcoólico (não podemos esquecer do Absinto)  e sempre o centro das atenções e positividades! Toulouse parece o retrato de um homem sem preocupações e solidão. Todos estavam convencidos disso, até que enquanto todos comemoram a primeira apresentação de uma peça boêmia, ele aparece sozinho, com olhos em carne viva do choro (basicamente igual os meus) e mais uma vez junto com Nature Boy, nos lembrando que por trás da carapaça de alegria, pode ter um sofrimento e uma solidão! Não seríamos todos um pouco assim?

A figura de Toulouse parece estar ali o tempo todo para não deixar Christian esquecer as coisas mais importantes da vida, mesmo que elas sejam o sofrimento e a dor muitas vezes! No auge das desilusões, ele surge do alto do palco para lembrar Christian e Satine que a coisa mais importante é amar e em troca amado ser. E muitas vezes, durante o filme, para nos lembrar que a coisa mais importante é lembrar que todos são humanos e merecem seus momentos, seja os de loucura da fada verde ou de desilusão.

Dessa vez terminei o filme e chorei descontroladamente como sempre fiz, porém, era um choro de liberdade. Mouling Rouge com Lautrec e companhia me fizeram ver que muitas vezes nosso peito precisa de um grito de liberdade! Nós não queremos chorar pelos nossos problemas mundanos, nossas carapaças não podem permitir isso, mas nos permitimos chorar pelos amores que transcendem a morte em nossos filmes favoritos e isso é extremamente necessário! Como uma abertura feita com um bisturi para que o pulmão desinche e volte ao ritmo normal, precisamos dessas fugas para que o nosso peito volte a bater em várias notas e não apenas na da angústia! O Toulouse de John Leguizamo estava ali todas vezes que assisti o filme, e parecia que estava esperando apenas o melhor momento para mostrar seu real significado.

Voltei oficialmente a assistir Moulin Rouge sem medo, sem trauma, entendendo que posso baixar a guarda algumas vezes e que preciso desses personagens para isso! Funciona quase como uma família que me acolhe sem perguntar muita coisa, dançando e cantando os momentos de alegria e angústia!
Acredito que com o passar dos anos e das exibições caseiras do filme, passarei a me identificar com outros personagens, afinal, é um ciclo. Acredito que mais para frente serei mais como Zidler em seus momentos de lucidez patriarcal com sua família Moulin Rouge! 



E espero nunca ser como o Duque, pois, pelo menos por enquanto, ele é apenas o vilão que me faz rir algumas vezes e chorar em outras quando faz o casal principal se separar!



Toda essa conversa foi apenas para dizer o seguinte: se permita ser mais como Toulouse Lautrec. Se mostre e coloque para fora quando necessário! Mesmo que para isso você precise do seu filme preferido!




Para entrar no clima:

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